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domingo, 3 de junho de 2012

LIÇÃO 2 - AS SETE IGREJAS DA ÁSIA

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Goiás, 910 – Americano do Brasil - GO
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Texto Áureo:
O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas” (Ap 1.20).
Verdade Aplicada:
Qualquer organização cristã que não corresponder ao perfil das sete igrejas, pelo menos em algumas das suas características, não pode ser considerada igreja.
As sete igrejas do Apocalipse simbolizam a igreja como um todo ao longo da história do cristianismo em todas as épocas e em todos os locais. As condições nelas descritas mostram as condições que podem vir a ser observadas na igreja durante o tempo de sua existência neste mundo, sendo tais condições em alguns casos positivas em outros negativas. As organizações cristãs existentes podem se encaixar ao perfil das sete igrejas tanto no aspecto positivo quanto no aspecto negativo, e tendo em vista o fato de que as sete igrejas representam toda a história do cristianismo parece óbvio que isto será observado; no entanto não é o fato de corresponder a um ou outro perfil de uma ou outra das sete igrejas que define uma organização cristã como igreja. Aliás, em alguns casos, como por exemplo, o da igreja de Laodicéia, o ideal é que uma organização cristã não se encaixe de maneira alguma a nenhum dos traços do perfil observado.
Uma organização cristã é definida como igreja de Cristo, em princípio, em função do tipo de confissão de fé nela professada, sendo que esta deve estar fundamentada na confissão de Pedro descrita em Mt 16.16, quando então, mediante a pergunta de Jesus feita aos discípulos “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mt 16.13), Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Da confissão feita por Pedro e do subseqüente diálogo de Jesus com seu discípulo, onde então Jesus afirma E sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” (Mt 16.17), conclui-se que o que define uma organização cristã como igreja é o fato desta crer e confessar a existência divina e distinta do Pai e do Filho, pois ao confessar que Jesus é o Filho do Deus vivo, Pedro faz a distinção entre o Pai e o Filho, e ao mesmo tempo, na expressão “o Filho do Deus vivo”, ele deixa também subentendido sua fé quanto a deidade absoluta de Jesus, sendo Ele [Jesus] a expressão exata do que o Pai é (cf. Jo 14.9; Cl 1.19; Hb 1.3). Além disto, uma organização cristã só pode ser definida como igreja de Cristo por sua confissão também em relação à Pessoa divina e distinta do Espírito Santo (ver Jo 14.26; 15.16; Jo 16.13,14), e se nela for observado a presença e a operação do Espírito de Deus, sendo tal presença indicada pelas atitudes dos membros da igreja como que condizentes com a confissão de que Jesus Cristo é o Senhor, pois, conforme o próprio Senhor Jesus diz em Mt 7.21 “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”.
Objetivos da Lição:
· Ressaltar a importância das cartas para que os crentes individualmente sejam santos.
· Conduzir a igreja à apropriação tanto das reprimendas quanto das promessas de Jesus.
· Ensinar que nossos dias são os dias imediatamente anteriores “às coisas que em breve devem acontecer”.
Textos de Referência: Ap 1.4-6, 9-11
Introdução:
        Ao estudar sobre as sete igrejas da Ásia, tenha em mente que o que foi dito a ela e a respeito delas poderá ser dito de todas e para todas as congregações cristãs de qualquer lugar e tempo. Em vista disso, Jesus as constituiu como um tipo de igreja que surgiria sobre a terra. E aos fiéis que congregarem em seu interior, o Senhor já elegeu qual tipo da igreja que reúne os elementos indispensáveis ao arrebatamento.
Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse apresenta sete cartas tendo estas sido direcionadas às sete igrejas que existiam na província romana da Ásia, sendo estas as igrejas localizadas em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. De forma geral, as cartas descrevem as condições reais de cada igreja existente no período de João; elas, porém apresentam as possíveis condições espirituais a ser encontradas nas igrejas em todos os tempos e em todos os lugares na história do cristianismo. A seqüência descrita em relação às igrejas começando pela igreja em Éfeso até a igreja em Laodicéia tem também um sentido profético, já que cada igreja representa um período na história da igreja desde o tempo em que ela começou a ser difundida entre os gentios até os dias que antecederão o arrebatamento da igreja.
Em geral, os sete períodos são identificados de acordo com a seguinte seqüência descrita abaixo:
· Éfeso – Igreja apostólica (30-100 d.C.)
· Esmirna – Igreja perseguida (100-313 d.C.)
· Pérgamo – Igreja do Estado (313-590 d.C.)
· Tiatira – Igreja papal (590-1517 d.C.)
· Sardes – Igreja reformada (1517-1730 d.C.)
· Filadélfia – Igreja missionária (1730-1900 d.C.)
· Laodicéia – Igreja apóstata (1900- ... d.C.)
1. Considerações preliminares
        A igreja é caracterizada, no primeiro capítulo do Apocalipse, para que possamos identificá-la quando ela aparecer de novo no desenrolar do livro. As sete estrelas na mão direita do Senhor são interpretadas por Jesus como sendo os sete anjos (pastores) das sete igrejas da Ásia Menor. As sete igrejas são os castiçais; seus ministros são estrelas; mas Cristo é o sol (Ap 1.16b, 20, Ml 4.2). Ele é para o mundo moral o que o sol é para o mundo físico.
Ap 1.16: “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”.
Ap 1.20: “O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas”.
1.1 O número sete
As idéias expressas pelo número sete são especialmente: Perfeição, plenitude, suficiência, consumação, obra completa e repouso. Sete representa toda a perfeição do amor de Deus. As sete igrejas são tipos perfeitos da igreja de Cristo. Elas apresentam qualidades e defeitos. Mas todas elas têm algo em comum: “As sete estrelas (pastores) estão na mão do Senhor” e “Ele anda no meio delas” (Ap 2.1). Para todas elas é feita uma promessa ao que vencer, e para todas elas é dito: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz”.
Conforme já visto anteriormente, as sete igrejas podem ser vistas como que representando todas as igrejas em todas as épocas e locais, elas são, portanto “tipos das igrejas cristãs” que surgiriam ao longo da história do cristianismo. Em alguns casos, algumas igrejas são completamente repreendidas por Jesus, não sendo feito a elas nenhum elogio por parte do Senhor, fato este que indica o quanto estavam distantes da vontade e da perfeição do Senhor; apesar disto o direcionamento do Apocalipse à sete igrejas, sendo o número sete um número que indica perfeição, expressa a idéia quanto à existência da perfeita igreja de Jesus Cristo.
As sete igrejas da Ásia são apresentadas, sendo mostrado através delas condições espirituais positivas, mas também negativas, podendo estas estar presentes ou não nas igrejas ao longo da história do cristianismo. O Senhor Jesus, porém não desiste da igreja, e assim como sendo Aquele que é o mantenedor da igreja (na sua destra sete estrelas), através da sua Palavra, Ele adverte a igreja (da sua boca saía uma aguda espada de dois fios) e resplandece sobre ela como o Sol da Justiça (rosto era como o sol, quando na sua força resplandece), para que desta forma a igreja venha tomar diante dEle a posição por Ele requerida. O Senhor insiste para que a igreja, tanto no sentido coletivo quanto individual arrependa-se do caminho que tem sido por ela tomado, e é desta forma que, “a perfeita igreja de Cristo” aquela que é purificada com a lavagem da água, pela palavra, para assim ser apresentada diante do Senhor “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27b), é então vista arrebatada no céu, sendo ela uma única igreja, tirada de dentre as igrejas que tiveram então a oportunidade de dar ouvidos àquilo que o Espírito diz às igrejas.
1.2 A função das cartas – Instruir quanto à vontade de Jesus para cada congregação; advertir contra o pecado no seio das igrejas e suas conseqüências, e com convites ao arrependimento. Edificar com consolo e declaração de amor aos que sofrem pelo testemunho de Cristo, com estímulo à fidelidade e à perseverança, e com promessas aos vencedores.
De forma geral as sete cartas direcionadas às sete igrejas da Ásia Menor, são descritas na seguinte seqüência:
· Um atributo de Cristo
· Um elogio à igreja
· Uma advertência
· Um chamado ao arrependimento
· Uma sentença
· Uma promessa ao vencedor
A exortação “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”, aparece em todas as cartas, sendo que nas cartas direcionadas às igreja de Éfeso, Esmirna e Pérgamo ela aparece antes da promessa ao vencedor (ver Ap 2.7,11,17). A partir da carta a Tiatira esta exortação aparece depois da promessa ao vencedor, e não antes dela, como nas anteriores (ver Ap 2.29; 3.6,13,22), talvez indicando que deste ponto em diante, somente os vencedores terão de fato ouvidos para ouvir o que o Espírito diz às igrejas.
Mt 13.15: “Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure”.

2 Tm 4.3,4: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.
1.3 O significado de anjo
A comparação dada por João nos capítulos 2 e 3, refere-se aos ministros responsáveis pelas igrejas em destaque. Do capítulo 4 em diante, são anjos, emissários celestiais enviados da parte de Deus, que executarão todo seu intento durante os dias da Grande Tribulação (Ap 2.1a).
Segundo o “Novo Dicionário da Bíblia” (J. D. Douglas, 1995, pp. 79,80), um anjo bíblico (hebraico mal’ãkh) é, etimológica e conceitualmente um mensageiro de Deus. De forma geral, percebe-se que os anjos podem ser usados como transmissores de ordens, mandamentos e mensagens específicas da parte de Deus; como aqueles que prestam socorro aos servos de Deus; como que comissionados para prestar ajuda militar; e, além disto, eles podem também executar os juízos de Deus, conforme fica demonstrado no livro de Apocalipse a partir do capítulo 6. O livro de Apocalipse apresenta também a palavra “anjos” em Ap 1.20, onde então Jesus se refere as sete estrelas que são vistas em sua destra como sendo os anjos das sete igrejas, sendo estes, provavelmente aqueles responsáveis pela transmissão e ensino da Palavra de Deus nas igrejas em destaque. A correlação entre as “sete estrelas” e os “anjos das sete igrejas” parece indicar que a mensagem que deve ser enviada pelos “anjos”, ou seja, por aqueles que são responsáveis em transmitir a mensagem da palavra de Deus a cada igreja é aquela relacionada em primeiro lugar à vida celestial e não à vida terrena, pois o crente em Jesus deve ser visto, em primeira instância, não como um habitante deste mundo, mas como um habitante da Pátria Celestial, de onde então ele aguarda a vinda do Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
Fp 3.18-21: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.
Cl 3.1,2: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”.

3. O retrato de Jesus e a importância da Igreja
 O retrato de Jesus que é conhecido pela igreja espalhada na Ásia Menor; está listado no capítulo um. Todavia, Jesus é visto no meio da sua igreja. Cristo valoriza tanto a sua igreja que Ele se dá a conhecer no meio dela e não à parte dela. Ninguém verá Jesus fora da igreja. Hoje muitas pessoas querem Cristo, mas não a igreja. Hernandes Dias Lopes, um teólogo conceituado de nosso país, diz que é impossível que alguém possa ser salvo fora da comunidade cristã, porque Cristo está voltado para sua noiva. Ela ocupa o centro da sua atenção.
Ap 1.12,13: “E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro”.

O texto de Ap 1.12,13 descreve o primeiro instante da visão de João, quando então ele vê o Senhor Jesus Cristo. João se encontrava preso na ilha chamada Patmos, “por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9b); preso e isolado de seus irmãos e companheiros, ele é “arrebatado em espírito, no dia do Senhor”, quando então ele ouve por detrás de si “uma grande voz, como de trombeta”. Depois de ouvir aquela voz, João recebe a ordem para escrever tudo o que lhe seria entregue e enviar “às sete igrejas que estão na Ásia: A Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia” (Ap 1.11). João volta-se para ver quem falava, e assim ele vê sete castiçais de ouro, sendo estes uma simbologia das sete igrejas, conforme lhe seria declarado pelo próprio Senhor Jesus em Ap 1.20. Depois de ver os sete castiçais de ouro, João vê “no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem” (Ap 1.13), sendo este, o Senhor Jesus Cristo em toda sua glória. A presença de Jesus no meio dos sete castiçais mostra a posição que Ele deve ocupar na igreja, sendo esta o lugar central na vida dAqueles que o servem. É somente desta forma que a igreja poderá cumprir o seu papel de revelar ao mundo o Filho de Deus em toda sua glória.

2. A história das sete cidades da Ásia Menor
As congregações cristãs que nasceram na Ásia Menor refletem um pouco as características de cada cidade. As histórias de cada cidade são importantes para que cada crente entenda o quanto a cultura de uma região poderá influenciar na conduta e forma de pensar de cada congregação.
Fp 2.15: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”.
2.1 e 3.1 Éfeso
          Para os historiadores, todos os que desejassem viajar para Ásia Menor, Éfeso era a porta de entrada. Era a maior, a mais rica e a cidade de maior importância. Conhecida como a feira das vaidades, ela foi rebatizada como a “porta dos mártires” quando os cristãos foram capturados na Ásia Menor e levados a Roma. Foi considerada o centro do culto à Diana (At 19.35), lugar cheio de sacerdotisas conhecidas como “prostitutas sagradas”.
A igreja em Éfeso, que significa desejável, é a que perdera a resistência e abandonara o primeiro amor. Mas ela tem a promessa de ser vencedora e ir morar no céu se voltar às práticas das primeiras obras. Terá comunhão com o Deus de amor e se alimentará da árvore da vida, passando a ter vida eterna (Ap 2.1-5).
Em sua terceira viagem missionária, Paulo se deslocou para Éfeso e ali ele permaneceu durante três anos. Em Éfeso, Paulo desenvolveu um próspero ministério “de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (At 19.10). Ali também, muitos dos que seguiam artes mágicas se converteram a Jesus de forma que seus livros eram queimados na presença de todos (ver Ap 19.19) e além disto, não somente em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, uma grande multidão se converteu da idolatria a Jesus, o que quase levou o culto à Diana em Éfeso cair totalmente em descrédito (ver At 19.26-41). A primeira carta é endereçada à igreja de Éfeso. Em termos proféticos a igreja de Éfeso representa a igreja do primeiro século (Ano 33 d.C. a 100 d.C.), a igreja apostólica. O nome Éfeso significa desejável, e a esta igreja Jesus se apresenta como Aquele “que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap 2.1b). Assim, Jesus mostra seu poder como mantenedor da igreja quando Ele ocupa o lugar central na vida dAqueles que o servem. Percebe-se pelos relatos de At 19 que a igreja de Éfeso não se deixou ser influenciada pela cultura de sua região, antes pelo contrário, ela trabalhou incansavelmente pelo nome de Jesus, sendo tal fato reconhecido pelo Senhor em sua carta endereçada à igreja de Éfeso quando então Ele diz: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste” (Ap 2.2,3). Em Ap 2.4, Jesus, porém exorta a igreja por ter deixado seu primeiro amor, o que indica que apesar de seu labor, a motivação da igreja para tal, já não era o amor a Jesus. A igreja deveria lembrar-se onde caíra, arrepender-se e praticar as primeiras obras, tendo no amor a Jesus, a motivação para seu serviço. Jesus faz uma advertência a Éfeso, pois caso a igreja não viesse a dar ouvidos à sua voz, ela estaria sentenciada à escuridão, o que implica dizer que ainda que continuasse existindo, ela nada mais seria do que apenas uma instituição social. Em Ap 2.6, Jesus faz ainda mais um elogio à igreja estando este relacionado ao fato da igreja aborrecer as obras dos nicolaítas. Segundo escreve A. Gilberto (2003, p. 94), parece que os nicolaítas eram seguidores de um certo Nicolau que visava implantar dentro da igreja a lei da sucessão apostólica. A promessa final para os vencedores na igreja de Éfeso leva de volta à árvore da vida e ao paraíso de Deus, o que indica vida eterna e comunhão com Deus, assim como Adão e Eva o tiveram antes dos mesmos terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

2.1 e 3.1 Laodicéia
          Segundo Willam Hendriksen, era o lar dos milionários. Ficava no principal cruzamento de estradas dos vales da Ásia Menor; o que é hoje a Turquia. A cidade estava situada numa montanha que dava para um vale fértil e majestosas montanhas. Nos tempos romanos, a cidade era um importante centro de administração e comércio.
Para os crentes de Laodicéia, que também perderam a resistência, que amaram o mundo e se consideravam ricos e autossuficientes, se vencessem seus pecados tinham a promessa de assentar-se com Cristo em seu trono (Ap 3.14-22). No entanto, é a única igreja que Cristo não faz elogios.
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 94), Laodicéia estava localizada a sudeste de Filadélfia, nas proximidades de Colossos. Tratava-se de uma velha cidade frigia, que originalmente se chamava Dióspolis, e depois Rheos. Somente mais tarde ela recebeu o nome Laodicéia, em honra a Laodice, a terrível esposa do rei sírio Antíoco II. Nos tempos dos apóstolos, Laodicéia era uma cidade extremamente próspera. No ano 62 d.C. ela foi juntamente com Hierápolis e Colossos destruída por um terremoto. Por causa da sua grande riqueza, entretanto ela pode ser rapidamente reconstruída. No ano 1402 d.C. também essa cidade juntamente com Éfeso foi totalmente destruída pelas hordas de Timur-Lenk. Hoje encontram-se no seu lugar somente muitas ruínas que tem o nome de Eski-Hissar, que significa castelo antigo.
Em termos proféticos a igreja de Laodicéia representa a igreja do século XX até os dias atuais. Laodicéia significa “direito do povo, direito de mandar” e o estado espiritual de Laodicéia representa, de forma geral, o estado espiritual da igreja antes do arrebatamento. Jesus se apresenta a ela como sendo “o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap 3.14). Assim, Jesus mostra a igreja tudo o que ela deveria ser, ou seja, aquela que deveria estar em concordância com Deus, aquela que não deveria deixar se corromper em seu testemunho pelo sistema mundano, aquela que deveria dar seqüência à nova criação de Deus originada em Cristo, porém o estado de Laodicéia mostra exatamente o contrário de tudo isto. Em Ap 3.16, Jesus exorta a igreja por sua condição espiritual, nem fria, nem quente, mas morna, o que chega a causar náuseas em Jesus. O estado de mornidão pode ser entendido como decorrente de uma mistura. Em Laodicéia o mundanismo, a satisfação do homem substitui o lugar devido a Deus e a sua Palavra e daí a igreja chegar a este estado de coisas. Percebe-se pela forma como Jesus se dirige à igreja de Laodicéia em Ap 3.17, que esta igreja se deixou ser fortemente influenciada pela prosperidade de sua região. Assim, a arrogância, o orgulho, a auto-suficiência, o materialismo, a satisfação própria, o egocentrismo eram altamente valorizados na igreja de Laodicéia, tendo tudo isto substituído a presença do Espírito Santo e da Palavra de Deus em seu meio e daí Jesus se dirigir a esta igreja através das seguintes palavras: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3.17). Jesus aconselha a igreja a que “compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas para que te vistas e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os olhos com colírio para que vejas” (Ap 3.18). Tal linguagem é figurativa indicando que a igreja deveria buscar vida de íntima comunhão com o Senhor, vida prática pautada na justiça de Cristo e visão espiritual de acordo com os preceitos da Palavra de Deus, pois Laodicéia perdera completamente a percepção do que é ou não de Deus ou para Deus. Jesus mostra à igreja a razão para tal exortação, “eu repreendo e castigo a todos quantos amo” (Ap 3.19) e assim Ele chama a igreja ao arrependimento. Em Ap 3.20, Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”. Tais palavras mostram como o mundanismo, o humanismo, os recursos humanos, o antropocentrismo, aquilo que é atraente aos olhos humanos substituiu a vida espiritual da igreja, e por isto o Espírito Santo foi colocado para fora da igreja, daí Jesus aparecer à porta, conclamando a igreja, não mais de forma coletiva, mas de forma individual, a abrir a porta para com Ele desfrutar de íntima comunhão. A promessa aos vencedores diz respeito a vinda do Reino Milenar de Cristo, quando então Ele se assentará em seu trono para reinar e com Ele aqueles que vencerem.
2.2 e 3.2 Pérgamo
        Pérgamo (significa casado) foi a maior cidade no oeste da Ásia Menor nos tempos do Novo Testamento. Tornou-se parte do império Romano, mas por causa da localização e importância, os romanos usaram-na como centro administrativo da província da Ásia. Era uma cidade divorciada de idéias absolutas entregue ao liberalismo.
Aos irmãos de Pérgamo que se misturaram com o mundo, se vencessem pelo arrependimento receberiam absolvição no juízo e não seriam condenados com o mundo (Ap 2.12-17).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 52), a cidade de Pérgamo pertencia à Lídia sob o riquíssimo rei Creso e após sua derrota passou a pertencer ao Império Persa. Mais tarde ela passou a pertencer à Macedônia e em 264 a.C. tornou-se muito conhecida e ricamente ornamentada capital do reino de Pérgamo. No ano 133 a.C., pelo testamento de seu último rei, Átalo III, ela passou a pertencer ao Império Romano. A cidade era famosa principalmente devido ao templo de Esculápio e pelo gigantesco altar de Zeus. Ela tinha também uma famosa biblioteca com 250.000 rolos de pergaminho, porém nos tempos do apóstolo esta biblioteca já não se encontrava mais em Pérgamo; a ciência e a arte, entretanto ainda lá floresciam. Esta cidade ainda hoje existe, sendo ela chamada de Bergama habitada por gregos e turcos.
Em termos proféticos a igreja de Pérgamo representa a igreja desde o ano 313 d.C. até os anos 590 d.C. quando então o imperador Constantino oficializou o cristianismo como religião oficial do Império Romano. Pérgamo significa casamento e tal significado, além de representar a união da igreja com o estado, representa também a situação dúbia que a igreja estava vivendo já que ali havia aqueles que permaneciam fiéis a Jesus, mas também havia aqueles que seguiam a doutrina de Balaão e a doutrina dos nicolaítas. Jesus se apresenta como Aquele “que tem a espada aguda de dois fios” (Ap 2.12) o que significa que Ele estaria pronto para intervir e dividir. Em Ap 2.13, Jesus diz conhecer o lugar onde a igreja habita, “que é onde está o trono de Satanás”, e a elogia por, apesar das influências malignas, a igreja ter retido o seu nome. Em termos locais, isto diz respeito à própria cidade de Pérgamo que era naquela época a sede do governador romano e o centro do culto ao imperador. Havia ali, entre outros, um grande templo dedicado a Roma, no qual César Augusto deveria receber adoração divina (W. Malgo, 1999, p. 54), e apesar disto a igreja reteve, conforme diz o próprio Senhor Jesus “o meu nome e não negaste a minha fé”, mesmo depois de Antipas, sua testemunha fiel ter sofrido o martírio naquele lugar. Em termos proféticos, a frase “reténs o meu nome” diz respeito ao Concílio de Nicéia quando então a Doutrina da Trindade foi afirmada, sendo também reafirmado a deidade consubstancial de Cristo. Em Ap 2.14, Jesus adverte a igreja contra aqueles que seguiam a doutrina de Balaão, sendo que tal doutrina estava relacionada provavelmente à imoralidade sexual e a idolatria (cf. Nm 25.1-3). A advertência é também dirigida contra aqueles que seguiam a doutrina dos nicolaítas. O Senhor chama a igreja ao arrependimento e caso não, Ele mesmo batalharia “contra eles” com a espada da sua boca, o que indica que o próprio Senhor possibilitaria uma divisão dentro da igreja. A promessa para os vencedores diz respeito a comer do “maná escondido”, uma linguagem que indica intimidade com Deus no “Santo dos santos”, já que ela traz à memória o maná que foi colocado em um vaso para ser guardado dentro da Arca da Aliança (cf. Ex 16.33,34). A promessa para os vencedores diz respeito também a uma pedra branca, na qual um novo nome estaria escrito “o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17b). Segundo escreve D. H. Stern (2008, p. 870) no mundo antigo a pedra branca era usada como ingresso para os festivais públicos; e assim também, serão os crentes, portadores desta pedra branca, admitidos no banquete messiânico por ocasião da celebração das bodas do Cordeiro.

2.2 e 3.2 Tiatira
        Tiatira estava localizada num fértil vale no qual passavam rotas de comércio. Embora destruída por um terremoto durante o reino de César Augusto (27 a.C.), Tiatira foi reconstruída com a ajuda romana. Produtos têxteis eram os mais importantes em Tiatira.
Os crentes de Tiatira que foram dramaticamente seduzidos e toleraram a impureza caindo na imoralidade. Jesus se apresenta como Deus que sonda e conhece seus atos e é poderoso para julgá-los, mas, se vencerem, receberão a promessa de ter autoridade sobre as nações (Ap 2.21-23).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 63) a cidade de Tiatira era localizada numa região encantadora, em um vale. Ela abrigava uma guarnição da milícia romana, e era conhecida como cidade comercial, sendo famosa por causa de seus excelentes artífices. Também Tiatira permaneceu até ao presente. Ela se chama hoje Akhisar, “a cidade branca”, devido às muitas pedreiras de mármore que brilham nas montanhas próximas.
Em termos proféticos a igreja de Tiatira, cujo nome significa “desagradável” representa a igreja desde o ano 590 d.C. até os anos 1517 d.C. quando então a igreja ficou debaixo do poder das trevas da igreja Católica. O sistema de Jezabel observado em Tiatira em termos proféticos corresponde ao papado e seus dogmas antibíblicos. Os fatos relacionados à cidade de Tiatira não indicam nenhum tipo de influência cultural que teria seduzido a igreja ali presente, porém em sua carta endereçada a esta igreja, Jesus mostra estar ali uma igreja espiritualmente caída, mas apesar disto, ela desfrutava de progresso sendo as suas últimas obras mais do que as primeiras conforme Jesus declara em Ap 2.19. Jesus se apresenta a ela como “o Filho de Deus que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente” (Ap 2.18). Tal linguagem indica a onisciência de Jesus, e, portanto seu conhecimento quanto a camuflada situação de Tiatira, pois todo seu labor estava servindo para manter a tolerância aos ensinos da falsa profetiza Jezabel (provavelmente um pseudômino, numa alusão a Jezabel, mulher de Acabe que promovera a adoração a Baal em Israel na ocasião em que Acabe foi rei do reino do norte), de forma que seus servos estavam sendo induzidos a prática da imoralidade sexual e a idolatria. A presença de Jesus com os pés semelhantes ao latão reluzente indica que Ele estava pronto a intervir e exercer juízo sobre a igreja de Tiatira, pois a esta já havia sido dado “tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu” (Ap 2.21b). Jesus adverte a igreja mostrando o juízo iminente sobre Tiatira “e sobre os que adulteram com ela” (Ap 2.22b). Morte espiritual seria a conseqüência para seus filhos, ou seja, para aqueles que são gerados por um sistema adúltero de religião como o que representado pela igreja de Tiatira. Em Ap 2.24,25, Jesus exorta aqueles em Tiatira que não tinham se sucumbido a esta doutrina, a reterem o que tem até a sua vinda. A promessa aos vencedores diz respeito a concessão de poder sobre as nações, linguagem esta que remete ao futuro Reino Milenar de Jesus Cristo, quando então a igreja voltará para reinar com Ele na terra. Jesus diz também que aos vencedores seria dado a “brilhante estrela da manhã”. Sendo Ele a própria “estrela da manhã” a promessa de Jesus aos vencedores parece indicar o “arrebatamento da igreja”, pois assim como a estrela da manhã aparece no céu antes do sol nascer, Cristo aparecerá como a “Estrela da manhã” para arrebatar a igreja ao céu antes de vir como o Sol da justiça para reinar sobre a terra.
2.2 e 3.2 Sardes
        Sardes foi uma das cidades legendárias da Ásia Menor; onde hoje é a Turquia. Nos tempos do Novo Testamento, Sardes foi parte da província Romana da Ásia. Situada no alto de uma colina, com muros e fortificada demonstrava ser imbatível, indestrutível e inabalável, por isso seus soldados e habitantes tinham a certeza que jamais cairiam nas mãos de seus inimigos.
Já para os cristãos que estavam em Sardes e viviam de aparência, sempre tentando construir uma reputação de igreja viva, com alguns irmãos no CTI espiritual (Ap 3.2), para esta, após seu arrependimento, teriam o nome escrito no livro da vida e seriam confessados diante de Deus (Ap 3.1-6).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 75), historicamente, Sardes era a antiga sede real da Lídia, cujo passado foi um passado cheio de glória. No tempo dos romanos, entretanto, na época de João, apesar do seu bem estar, Sardes tornara-se uma cidade provinciana destituída de brilho. Mais tarde, ela ganhou novamente uma certa fama, e isso através do bispo Melito de Sardes, falecido no ano de 170 d.C.; na época atual, porém nada mais resta dessa notável cidade, senão um monte de ruínas espalhadas numa ampla área, e entre elas miseráveis casebres turcos, que juntos formam uma pequena vila com o nome Sarte.
Em termos proféticos Sardes representa a igreja desde o ano de 1517 até o ano de 1750, correspondendo este período ao da reforma protestante. Sardes significa “os que escapam”. Assim, de certa forma ela representa aqueles que escaparam do sistema corrompido de Tiatira dando a igreja um novo começo. Jesus se apresenta a esta igreja como Aquele “que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas” (Ap 3.1b). Ele apresenta, portanto à igreja “em seu novo começo”, simbolizado este pelas sete estrelas, toda a plenitude do Espírito Santo à sua disposição. Parece que a questão da fama quanto ao passado cheio de glória, foi a influência cultural recebida pela igreja de Sardes que aprende assim a viver de aparência. Em Ap 3.1, a igreja de Sardes é advertida por Jesus quanto a sua condição espiritual. Aos olhos humanos ela aparentava e tinha fama de ser uma igreja viva, mas o Senhor mostra sua condição espiritual dizendo que a igreja estava “morta”. Em termos proféticos, isto representa a reforma protestante, pois apesar do entusiasmo dos reformadores, muitos durante o período que sucedeu a reforma foram tomados, apesar da confissão de fé, pelo formalismo, sem apresentarem nenhuma demonstração prática da palavra de Deus em suas vidas. Tal fato levou Jesus a não achar as suas “obras perfeitas diante de Deus” (Ap 3.2). Jesus ordena a igreja de Sardes a lembrar-se “do que tem recebido e ouvido”, fato este que indica que a igreja não deveria se firmar em sua fama, mas sim na busca da plenitude do Espírito Santo à sua disposição e em atitudes que correspondessem àquilo que ela tinha até então ouvido, ou seja, a igreja não deveria ser apenas ouvinte da palavra de Deus, mas também praticante. Ele exorta ao arrependimento e a vigilância, pois caso contrário, sua vinda poderia surpreender a igreja, que firmada em sua aparência ou em sua fama, não demonstrava nenhuma preocupação ou alegria quanto a vinda do Senhor, e sendo assim para ela a vinda de Jesus seria como a vinda de um ladrão, o que a tomaria de surpresa. Em Ap 3.4, Jesus fala de um remanescente que não contaminou as suas vestes, ou seja, estes guardaram com fidelidade o testemunho cristão e por isso, com Ele, andariam de branco. A promessa ao vencedor diz respeito às vestes brancas, sendo estas uma analogia a justiça de Cristo. Além disto, o Senhor promete de maneira nenhuma riscar o nome daquele que vencer do livro da vida, sendo que também tal nome seria confessado diante do Pai Celestial e diante dos anjos.

2.3 e 3.3 Esmirna
       A cidade de Esmirna era considerada o ornamento, a coroa e a flor da Ásia. Tinha o principal porto da Ásia e um comércio próspero. Com magnífica arquitetura, com templos dedicados a Cibeles, Zeus, Apolo, Afrodite e Esculápio. Havia sido fundada como colônia grega no ano de 1000 a.C.; no ano 600 a.C., os Lídios a invadiram e destruíram-na por completo. No ano 200 a.C., Lisímaco a reconstruiu e fez dela a mais bela cidade da Ásia. Quando Jesus disse que estivera morto, mas revivera, os cidadãos daquela cidade sabiam bem o que Jesus estava falando, pois a cidade estava morta e havia revivido como metrópole.
A igreja na cidade de Esmirna enfrentava sofrimento, muita perseguição e morte; o martírio fez parte de sua história. A palavra Esmirna vem de “mirra”, uma erva amarga. Portanto, o nome da cidade é bem apropriado para uma igreja com sofrimento. A esta congregação o Senhor Jesus diz que conhece sua tribulação, pobreza e blasfêmia de seus inimigos, mas lembra que modo algum eles experimentarão a segunda morte (Ap 2.8-11).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 45) Esmirna era na época de João, uma bonita e rica cidade comercial na Ásia Menor, que tinha sido fundada por Alexandre Magno.
Em termos proféticos a igreja de Esmirna representa a igreja desde o ano 100 d.C. até o ano 312 d.C., quando então a igreja foi severamente perseguida durante o reinado de dez imperadores sendo estes de acordo com J. Fox (2003, pp. 7-37): Nero (67 d.C.), Domiciano (81 d.C), Trajano (108 d.C.), Marco Aurélio (162 d.C.), Severo (192 d.C.), Maximino (235 d.C.), Décio (249 d.C.), Valeriano (257 d.C.), Aureliano (274 d.C.), Diocleciano (303 d.C.). Profeticamente falando, o versículo 10 onde Jesus diz “tereis uma tribulação de dez dias” se aplica ao período destes dez imperadores. 
Em Ap 2.8b, Jesus se apresenta a esta igreja como sendo “o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu”. Assim, a igreja sofredora em Esmirna foi animada a permanecer firme na fé, tendo como exemplo o próprio Senhor Jesus Cristo em seu sofrimento e também o conhecimento de que, apesar das circunstâncias, o controle de todas as coisas permanece eternamente em suas mãos. Em Ap 2.9,10, Jesus elogia a igreja por suas obras sendo esta caracterizada principalmente por sua tribulação e pobreza, e no entanto apesar disto tudo, espiritualmente a igreja era rica. Jesus fala também a esta igreja da blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a “sinagoga de Satanás”, sendo que tal terminologia parece indicar os judaizantes que tentaram impor algumas regras, como por exemplo, a circuncisão, como sendo necessária para a salvação, mas a igreja, ao que parece, permaneceu firme na graça de Deus não se rendendo aos judaizantes. Jesus encoraja a igreja quanto aos seus sofrimentos e a exorta a permanecer fiel ainda que fosse necessário morrer por amor a Ele. Como recompensa a igreja receberia a coroa da vida. A promessa final para os vencedores diz respeito a não receber o dano da segunda morte, o que está relacionado à morte eterna, quando então aqueles que morreram sem Cristo terão os seus corpos ressurretos, porém não para a vida eterna, mas para o castigo eterno no lago de fogo e de enxofre.

2.3 e 3.3 Filadélfia
           Os reis de Pérgamo fundaram Filadélfia como um posto avançado do seu Reino no segundo século a.C. A cidade estava localizada ao longo de uma importante estrada de viagem que ligava Pérgamo ao norte com Laodicéia ao sul. Nos tempos do Novo Testamento, Filadélfia fazia parte da província Romana da Ásia. A cidade foi devastada por um terremoto em 17 d.C., e, por um tempo, as pessoas viveram com medo de tremores. Filadélfia foi reconstruída com ajuda do imperador Tibério. O nome Filadélfia significa amor fraternal.
Filadélfia é o grupo de irmãos que tinham pouca força, mas eram fiéis, o Mestre prevê para eles muitas oportunidades adiante, são fracos diante dos homens, mas poderosos para Jesus. Eles são exortados a conservarem o que possuem para que ninguém tome sua coroa (Ap 3.11).
Segundo escreve Win Malgo (1999, pp. 85, 86), a cidade de Filadélfia, cujo significado é “amor fraternal”, hoje existe sob o nome turco Alaseir. O nome Filadélfia não é de origem cristã, pois essa cidade foi fundada no ano de 154 a.C. pelo rei Pérgamo Átalo II. Este rei usava o cognome Filadelfo e por isto ele chamou a cidade por ele fundada por este nome. A cidade foi várias vezes destruída por terremotos, mas apesar disto ela foi sempre reconstruída, atingindo novamente a prosperidade.
Em termos proféticos a igreja de Filadélfia representa a igreja em sua fase avivada e missionária a partir de 1750, especialmente os séculos XVIII, XIX e inicio do século XX. Jesus se apresenta a esta igreja como “o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre” (Ap 3.7). Tal terminologia faz referência ao Reino Messiânico (cf. Is 22.22), indicando assim a autoridade de Jesus sobre todas as nações. Em Ap 3.8, Jesus mostra à igreja que diante dela estaria uma porta aberta ao qual ninguém poderia fechar. Assim, à igreja, que apesar de sua pouca força, guardou a sua palavra e não negou o seu nome “Santo e Verdadeiro”, Ele abre as portas das nações para a obra missionária. Em Ap 3.9, Jesus exorta acerca daqueles que faziam parte da sinagoga de Satanás, uma linguagem que denota, provavelmente um tipo de cristianismo sem sacrifício, sem renúncia, sem cruz (cf. Mt 16.22-25). Jesus elogia a igreja por sua perseverança e lhe dá a garantia de que ela seria guardada “da hora da tentação que há de vir sobre todo mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10b), o que indica a igreja de Filadélfia como que tipificando a igreja que será arrebatada da terra antes do período da Tribulação/Grande Tribulação, sendo este período referido por Jesus neste versículo como sendo “a hora da tentação que há de vir sobre todo mundo”. Jesus faz à igreja a promessa quanto a sua volta “sem demora” e exorta a igreja a guardar aquilo que têm “para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11). A promessa ao vencedor diz respeito à estabilidade e firmeza (coluna no Templo do meu Deus); e, além disto, em contraste com aqueles que receberão a marca da besta no período da Grande Tribulação, sobre os vencedores estará o nome de Deus, o nome da “nova Jerusalém”, e um novo nome do próprio Senhor Jesus, a quem os vencedores verdadeiramente pertencem.

Referências Bibliográficas:
Aker, B.C.; Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Pearlman, M.; Comentário Bíblico - João, 2000, 3ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão,
São Paulo, SP

LIÇÃO 1 - CHAVES PARA A LEITURA DO APOCALIPSE



Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Goiás, 910 – Americano do Brasil- GO
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse

Texto Áureo:
 “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João seu servo” (Ap 1.1).


Verdade Aplicada:
 O Apocalipse é um livro aberto, cheio de símbolos, profecias, juízos e condenações, mas relevante, majestoso e apoteótico.

Objetivos da Lição:
· Introduzir de modo proveitoso e prazeroso o estudo do Apocalipse.
· Oferecer informação à identificação correta de personagens e fatos do Apocalipse.
· Corrigir possíveis erros de interpretação.

Textos de Referência: Ap 1.3,12-16

Introdução:

      Bem vindo à Escola Bíblica Dominical. Neste trimestre vamos nos ocupar com o livro do Apocalipse. Para melhor entendê-lo, nessa primeira lição, vamos estudar a categoria, conteúdo e destino das revelações que o apóstolo João recebeu. Mas também abordaremos o fundamento, propósito e tema principal do livro. E, ainda, ater-nos-emos aos métodos utilizados pela igreja durante sua história. Que o Deus Trino possa ajudá-lo a entender de forma prática as revelações contidas neste livro.

      Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal (D. Stamps, 1995, p. 1978) a palavra Apocalipse deriva da palavra grega apokalypsis, que traduzida significa “revelação”. Esta palavra significa, no original, retirar, remover completamente, descerrar, tirar fora, como quando as autoridades fazem nas inaugurações de placas comemorativas, estátuas, retratos (A. Gilberto, 2003, p. 81), onde o pano em que tais objetos estão envolvidos é removido totalmente para se ver aquilo que até então estivera oculto. De forma geral pode-se dizer que o livro de Apocalipse é:

· Uma revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21). 
· Uma profecia quanto à sua mensagem: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações” (2 Pe 1.19)
· E uma epístola quanto aos seus destinatários: “Toda a Escritura divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.16,17).


1. Categoria, conteúdo e destino –
      Para estudar com proveito este livro, além de crer de todo coração que se trata da Palavra de Deus escrita, precisaremos usar as chaves que o abrem à nossa compreensão.



Sl 49.3: “A minha boca falará de sabedoria, e a meditação do meu coração será de entendimento”.

Sl 119.2: “Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração”.

      Começaremos com o primeiro conjunto: A que categoria literária pertence o Apocalipse, o conteúdo do livro e a quem foi destinado. Portanto, ao estudar o Apocalipse considere que ele é:


1.1 Literatura apocalíptica –
      É a modalidade literária que se ocupa da escatologia (o término do mundo, o sistema que conhecemos e o começo de um novo ciclo que se estende até o estado eterno). Toda literatura apocalíptica é considerada escatológica.

      A Escatologia é a doutrina das últimas coisas, ou seja, ela se ocupa do estudo dos eventos profetizados que ainda estão por acontecer. A importância desta doutrina pode ser percebida pelo espaço dedicado a ela ao longo dos 66 livros da Bíblia Sagrada, pois além do livro de Apocalipse, outros livros (Daniel, Zacarias etc...), epístolas inteiras (1 e 2 Tessalonicenses), capítulos inteiros (Mateus 24, Marcos 13) e diversos versículos da Bíblia se dedicam ao assunto. A Escatologia mostra os eventos finais dos “últimos dias” que tiveram início com a vinda de Jesus Cristo a este mundo e que terão o seu fim por ocasião de seu retorno. Os eventos finais dos “últimos dias” prepararão os céus e a terra para um novo começo que se estenderá então por toda a eternidade.

2 Pe 3.11-13: “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.

1.2 Conteúdo do Apocalipse –
      O Apocalipse é um livro aberto em que o Senhor revela seus planos e propósitos para sua igreja. Apesar de falar do futuro, não deve ser encarado apenas como revelação das últimas coisas, mas sobretudo da narrativa de Jesus Cristo como o Messias vencedor. O Apocalipse não fala somente de fatos escatológicos, mas da pessoa majestosa e gloriosa de Jesus. Na verdade, o Apocalipse é fundamentalmente a revelação de Jesus Cristo (1.1) e não apenas, como alguns querem, de acontecimentos futuros. O povo de Deus não pode divorciar a profecia da Pessoa de Jesus Cristo. No entanto, é possível ter uma melhor compreensão quando dividimos o livro basicamente em três sessões: Descrições da pessoa de Jesus “Coisas que vistes” (Ap 1.19), assuntos concernente à igreja “coisas que são” (Ap 1.19), eventos futuro das nações “coisas que hão de acontecer” (ap 1.19).

      O texto de Ap 1.1 começa com o seguinte anúncio: “Revelação de Jesus Cristo” e segundo escreve Win Malgo (1999, p. 10) a expressão “apocalipse” (revelação) usada neste versículo é também usada, por exemplo em 1 Co 1.7 “De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo”, em 2 Ts 1.7 “E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder”, em 1 Pe 1.7 “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo”. O Apocalipse revela, portanto antes de tudo a Pessoa de Jesus Cristo. O texto de Ap 1.1 segue então com os seguintes dizeres: “A qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo”. Assim, o assunto do Apocalipse, além de ser o próprio Senhor Jesus é também “as coisas que brevemente devem acontecer”, sendo tais coisas reveladas antecipadamente àqueles que servem ao Senhor, pois conforme diz Am 3.7 “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”. De forma geral o livro pode, segundo o texto de Ap 1.19 “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” ser dividido da seguinte forma:



· Parte I – Corresponde as coisas passadas no tempo de João, “as coisas que João viu”, engloba o capítulo 1 sendo este concernente à Pessoa do Senhor Jesus Cristo.

· Parte II – Corresponde as coisas presentes na época de João, ou “as coisas que são”, engloba os capítulos 2 e 3 concernentes à igreja.

· Parte III – Corresponde às coisas futuras ou “as coisas que hão de acontecer depois destas”, engloba os capítulos 4 a 22 concernentes à nação de Israel, às nações gentílicas e o estabelecimento do Reino de Deus na terra.

1.3 Destinado à Igreja –
      Em primeiro lugar, o livro da Revelação foi endereçado aos crentes que estavam enfrentando o martírio na época do apóstolo João. Naquela ocasião houve grandes perseguições do império romano contra a igreja. No entanto, o texto do Apocalipse destina-se a todos os crentes, espalhados durante esta inteira dispensação da graça, que começa com a primeira até a segunda vinda de Cristo a esse mundo. A mensagem é purificadora para o povo de Deus (1 Pe 4.17; Ap 1-3).

      Em Ap 1.4, João escreve: “João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono”. Conforme pode-se perceber, o livro é endereçado inicialmente às sete igrejas que haviam na Ásia Menor (atual Turquia), sendo estas as igrejas localizadas em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal (D. Stamps, 1995, p. 1978) o livro retrata as circunstâncias históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe chamassem de “Senhor e Deus”. Este fato originou um confronto entre os que se dispunham a adorar o imperador e os crentes fiéis que confessavam que somente Jesus era Senhor e Deus. O Apocalipse, após a introdução, se inicia então com sete cartas enviadas à estas sete igrejas da Ásia Menor, onde o Senhor Jesus repreende a transigência e pecado presente nas igrejas chamando-as ao arrependimento; mas além disto, tendo em vista o endeusamento ao imperador, o propósito do livro de Apocalipse é também o de fortalecer os crentes na fé, firmeza e fidelidade a Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, cujo Reino, após se cumprir os propósitos de Deus em relação à igreja, à nação de Israel e às nações gentílicas, se manifestará com poder e grande glória. O livro de Apocalipse, conforme escreve o comentarista, destina-se também a todos os crentes espalhados durante a inteira dispensação da graça que começa com a primeira até a segunda vinda de Cristo a esse mundo, e isto é evidenciado em Ap 1.4 pelo termo “às sete igrejas”, sendo que o número sete indica aquelas igrejas como que representando “a igreja como um todo” em qualquer lugar e em todos os tempos ao longo da história do cristianismo.

2. Fundamento, propósito e tema –
      Vencida esta primeira etapa, lancemos mão de mais três chaves importantíssimas: As bases literárias e proféticas sobre as quais de desenvolveu o Apocalipse, o propósito a que se destina e o tema principal do livro.

Ap 1.3: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”.

Ap 22.10: “E disse-me: Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo”.

2.1 Bases literárias e proféticas –
      Leis, Escritos e Profecias do Antigo Testamento constituem as bases literárias e proféticas do Apocalipse. Este livro resume e ilumina toda a profecia da Antiga Aliança relacionada à redenção e acrescenta tudo o que Deus quis que a igreja soubesse a respeito dEle mesmo, do processo redentor, dos métodos divinos para redimir, do destino final dos remidos e de tudo que não quisesse ou não pudesse ser redimido. Além disso, o Apocalipse delineia e revela a trajetória da igreja bem como sua participação no processo redentor antes e depois do arrebatamento.

      Muitas das profecias do Antigo Testamento já se cumpriram desde a primeira vinda de Jesus Cristo à terra e muitas ainda estão por se cumprir, estando estas relacionadas a segunda vinda de Jesus Cristo a terra. O livro de Apocalipse mostra o cumprimento final de todas estas profecias, tanto do Antigo Testamento, quanto do Novo Testamento. Por exemplo, o texto de Dn 9.24 revela um tempo de “70 semanas” (cada semana equivale a 7 anos) determinadas sobre o povo de Israel e sobre a cidade de Jerusalém. Destas 70 semanas, 69 já se cumpriram, faltando apenas “uma semana”, ou seja, sete anos. O livro de Apocalipse amplia a revelação dada ao profeta Daniel referente a esta “última semana”, mostrando com detalhes os acontecimentos que sobrevirão neste período de sete anos, quando então a terra viverá um período de grande aflição, exatamente como o próprio Senhor Jesus afirmou em seu sermão profético no monte das Oliveiras descrito em Mt 24. A Bíblia mostra desta forma, com exatidão o conhecimento de Deus quanto ao passado, presente e futuro e que em suas mãos o Senhor tem o controle de todas as coisas sejam estas relacionadas à igreja, à nação de Israel ou em relação às nações gentílicas.


Is 46.9,10: “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”.

Mt 5.17,18: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.

Mt 24.35: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”.

At 3.20,21: “E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”.

Ap 10.7: “Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos”.


2.2 Propósito do Livro –
      Ele é a “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer” (Ap 1.1). O Apocalipse deve ser lido nas igrejas para que todos tenham conhecimento da profecia. “Felizes os que lêem, e os que o ouvem e guardam as coisas que nele estão escritas” (Ap 1.3). O livro de Apocalipse com esta mensagem trata do triunfo de Jesus e de sua igreja. Revela a todos que a história da humanidade não caminha para o caos final, nem está dando voltas cíclicas, mas direciona para um final glorioso, a vitória total de Jesus e sua igreja.

      Conforme já visto anteriormente, o assunto do Apocalipse é o próprio Senhor Jesus, estando relacionado a Ele “as coisas que brevemente devem acontecer”. O livro revela o triunfo de Jesus Cristo e da sua igreja, pois apesar de todas as investidas de Satanás contra a igreja; apesar da existência de falsos profetas, falsos mestres, heresias de perdição ao longo da história do cristianismo; apesar da apostasia revelada nos tempos finais, sempre houve e sempre haverá aqueles que permanecem fiéis ao Senhor, e desta forma a igreja é vista arrebatada ao céu, cumprindo-se assim o que o Senhor Jesus disse em Mt 16.18 “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

      O livro revela também o triunfo de Jesus Cristo e da nação de Israel, pois apesar de todas as investidas do inimigo ao longo da história para tentar destruir a nação escolhida, a nação tem prevalecido e prevalecerá finalmente contra seus inimigos ao reconhecer o Senhor Jesus como o Messias enviado por Deus, o que culminará no cumprimento das promessas de Deus feitas aos patriarcas da nação escolhida, quando então se instalará em Jerusalém o Reino Milenar de Jesus Cristo que se estenderá por toda a terra o que indica o triunfo de Jesus Cristo também em relação às nações gentílicas: “E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).

      Por fim, o livro mostra o triunfo de Jesus Cristo e de toda a criação, pois Satanás, a morte e todo tipo de maldição serão totalmente eliminados e o propósito de Deus em relação à sua criação será totalmente restaurado dando início ao estabelecimento de novos céus e nova terra: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1).


2.3 O tema principal –
      Sem dúvida, o tema que mais se evidencia no livro de Apocalipse é a vitória de Jesus e de sua igreja sobre o reino das trevas e seu líder maior, Satanás (Ap 17.14). O Diabo, seus demônios e seus seguidores ímpios perecerão, mas a noiva de Cristo, a sua igreja verdadeira, triunfará. A morte, o inferno, o Dragão, a besta, o falso profeta, o sistema de governo deste mundo e os ímpios não vencerão o povo eleito de Deus e seu Cristo. Por isso, Jesus é sempre apresentado como vencedor e conquistador (Ap 1.18; 5.9-14; 6.2; 11.15; 19.9-11; 14.1,14; 15.2-5; 19.16; 20.4; 22.3).

      Um dos pontos que deve ficar claro é o de que o Apocalipse não deve ser visto como o fim de um grande conflito entre forças do bem e do mal como se Deus e o diabo lutassem de igual para igual pela definição de suas posições em relação a humanidade e o universo como um todo. Um pensamento como este foi desenvolvido por uma antiga heresia que ficou conhecida como “maniqueísmo” (E. E. Cairns, 2008, p. 85), onde se ensinava que o universo é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis Deus ou o diabo, sendo desta forma a soberania de Deus sobre Satanás e seus anjos anulada ou invalidada. Ainda que a Bíblia revele a existência do diabo e seus anjos em um conflito contra o Senhor e aqueles que lhe são fiéis, ela jamais mostra o diabo como alguém que tem poder para se opor a vontade soberana de Deus, mas sim como alguém que pode agir somente até onde Deus em sua soberania sobre todas as coisas o permitir. Deus reina majestosamente em seu trono de glória no céu sobre todo o universo, e sendo assim o que o Apocalipse revela é que nenhum dos planos de Deus podem ser frustrados, pelo contrário, seus justos juízos e sua vontade prevalecerão sobre todo universo e sobre toda criação. Diante disto, o tema que mais se evidencia no livro de Apocalipse é aquele relacionado à supremacia de Jesus Cristo, sendo esta enfatizada em relação à igreja, em relação à nação de Israel, em relação às nações gentílicas, em relação às autoridades constituídas e em relação a toda criação visível ou invisível e daí o Apocalipse mostrar, por fim a derrota de Satanás e de seus anjos que o acompanharam em sua rebelião contra Deus.


1 Rs 22.19: “Então ele disse: Ouve, pois, a palavra do Senhor: Vi ao Senhor assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda”.

Sl 93.1,2: “O Senhor reina; está vestido de majestade; o Senhor se revestiu e cingiu de fortaleza; o mundo também está firmado e não poderá vacilar. O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade”.

Ap 1.18: “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno”.

Ap 4.10,11: “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

Ap 5.13: “E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”.

Ap 15.3,4: “E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos”.

Ap 19.16: “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.

Ap 20.10: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.



3. Métodos de interpretação –
      Durante a história marcante da igreja de Cristo, surgiram diversos métodos distintos de interpretação do livro de Apocalipse. O primeiro foi o método Preterista, seus intérpretes acreditavam que, em breve, Deus se ergueria de seu trono para abalar o governo das nações perversas, destruir todo mal e estabelecer o seu Reino na terra. Depois, o método Histórico que encara o Apocalipse como uma profecia simbólica. E por último, o método Futurista que lê o Apocalipse em grande parte como uma profecia de acontecimentos futuros.

      O Apocalipse é um livro rico em simbologias e figuras de linguagem, por isto ele se torna um livro cuja interpretação não é fácil. Apesar disto, o cristão deve ter interesse em estudá-lo, pois sua mensagem contribui em muito para a edificação, consolação e exortação da igreja. À medida que o servo do Senhor se aprofunda em seu estudo, sua mensagem vai ficando clara e os métodos de interpretação preterista, histórico e idealista (o qual não foi citado pelo comentarista) tornam-se obsoletos. O Apocalipse testifica acerca do conhecimento e do poder de Deus sobre todo o universo e assim, ao estudá-lo o servo do Senhor se rende ainda mais ao Senhorio de Jesus Cristo a quem pertence honra, glória, louvor, adoração de geração em geração e por toda a eternidade.

Ap 22.6,7: “E disse-me: Estas palavras são fiéis e verdadeiras; e o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer. Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”.

3.1 Método preterista –
      Essa escola de interpretação acredita que todas as profecias do Apocalipse já aconteceram. Os historiadores dizem que do ponto de vista deles, a Roma imperial era a besta do capítulo treze e a classe sacerdotal asiática que incentivava o culto a Roma era o falso profeta. Para essa linha, o livro narra apenas as perseguições sofridas pela igreja pelos judeus e imperadores romanos. Naquele tempo antigo, acreditavam que a igreja estaria ameaçada de extinção, sendo assim, para eles, João escreveu para fortalecer a fé dos crentes, pois mesmo com a perseguição acirrada, o Senhor interviria, Jesus voltaria, Roma seria destruída, e o reino de Deus seria completo. Obviamente o Senhor ainda não voltou, Roma não foi derrubada, e o suposto Reino de Deus não foi implantado. O livro do Apocalipse, portanto, para esse grupo de intérpretes não possui profecias.

      O método preterista, conforme descrito acima considera que o Apocalipse e suas profecias cumpriram-se no contexto histórico original do Império Romano, mas segundo D. Stamps (1995, p. 1980) para esta escola, os capítulos 19-22 aguardam cumprimento. Seja como for um estudo minucioso dos capítulos 1-18 mostra que muitas das profecias descritas nestes capítulos ainda não se cumpriram no sentido exato de como estão descritas. Por exemplo, os juízos de Deus representados pelos selos, trombetas e taças, a batalha do Armagedon e diversas outras profecias descritas nestes capítulos não se cumpriram no contexto histórico do Império Romano, ainda que os defensores desta escola tentem manipular as datas e eventos, e sendo assim todos estes acontecimentos ainda pertencem ao futuro.

3.2 Método histórico –
      Os adeptos deste método vê o Apocalipse como profecia simbólica de toda a história da igreja até a volta de Cristo e o fim do tempos. Sendo assim, passam a entender o Apocalipse como uma profecia da história do Reino de Deus. Para eles o livro é rico em símbolos, imagens e números. Todavia, uma interpretação assim, poderá incorrer em confusão, porque não há menção clara quanto às quais eventos históricos estariam sendo abordados. Essa corrente pensa que a besta é o papado romano e o falso profeta a igreja de Roma.

      Ainda que o Apocalipse seja rico em símbolos, imagens e números fica evidente que o livro não se trata da história da igreja até a volta de Cristo, pois após o capítulo 3, já não há nenhuma referência à igreja na terra. O capítulo 7 faz referência direta ao povo judeu e no capítulo 12 por inferência a nação de Israel é encontrada no texto. Assim, o livro de Apocalipse mostra a história da igreja e logo após o cumprimento dos propósitos de Deus através da igreja, o que se vê é o Senhor voltando a tratar com o seu povo Israel até a volta de Cristo e o fim dos tempos.

3.3 Método futurista –
      Segundo o teólogo pentecostal, Antônio Gilberto, o futurista é o que imagina o livro do Apocalipse como de cumprimento futuro. Considera que a igreja será arrebatada a qualquer momento à semelhança de João, vindo a seguir a Grande Tribulação para Israel e as demais nações da terra; com os juízos divinos sob as trombetas, selos e taças da ira de Deus (Ap 6-18). Depois de sete anos (Grande Tribulação) acontecerá o retorno de Jesus com sua igreja para pelejar e derrotar o Anticristo e seus exércitos; livrar com isso Israel e estabelecer o seu reino literal milenar (Ap 20). No término desse reino, Satanás será solto e seduzirá as nações para uma última peleja contra o povo de Deus e seu Cristo (Ap 20.7-10). Satanás será derrotado e lançado no lago de fogo preparado para ele e seus anjos (Mt 25.41; Ap 20.10). Em seguida a esse eventos, o Grande Trono Branco definirá a eternidade da humanidade sem Cristo (Ap 20.11-15), porque os santos já foram resgatados pelo sangue do Cordeiro de Deus. Há, entre os futuristas, alguns que ensinam que a igreja passará a Grande Tribulação, ignorando eles o que diz a Palavra de Deus (Ap 3.10; 1 Ts 1.10; Rm 5.9).
      O método de interpretação futurista é o mais coerente não somente em relação ao próprio livro do Apocalipse, mas também em relação a todos os demais livros da Bíblia que o auxilia em sua interpretação. Após o capitulo 3 não existe nenhuma outra referência direta à igreja na terra, e a forma como o capítulo 4 se inicia onde então uma porta aberta é vista no céu, sendo João na seqüência “arrebatado em espírito” implica que o arrebatamento da igreja deve anteceder o período dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação, estando tal interpretação em concordância com outros versículos descritos no Novo Testamento como por exemplo Rm 5.9; 1 Ts 1.9,10; Ap 3.10.

Ap 4.1,2: “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono”.

Rm 5.9: “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.

1 Ts 1.9,10: “Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura”.

Ap 3.10: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”.


      Além dos métodos citados, segundo escreve D. Stamps (1995, p. 1980) existe também a interpretação idealista. Esta considera o simbolismo do livro como a expressão de certos princípios espirituais, sem limitação de tempo, concernente ao bem e ao mal, através da história, sem prender-se a eventos históricos.
      Assim, conforme pode-se perceber nem todos os cristãos interpretam Apocalipse segundo o método futurista; nas palavras de W. MacDonald (2008, p. 993) “alguns acreditam que o livro se cumpriu inteiramente na história das igrejas primitivas. Outros ensinam que apresenta um retrato contínuo da era da igreja desde o tempo de João até o fim. Para todos os filhos de Deus, entretanto, o livro ensina a insensatez de viver em função das coisas que logo passarão. Incentiva-nos a testemunhar àqueles que estão perecendo e esperar com paciência a volta do Senhor. Para os incrédulos, o livro é uma advertência séria sobre o terrível destino reservado para quem rejeita o Salvador”.




     
Referências Bibliográficas:
Aker, B.C.; Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Pearlman, M.; Comentário Bíblico - João, 2000, 3ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP